Os ataques terroristas a escolas brasileiras têm se tornado cada vez mais frequentes e violentos nos últimos anos, deixando um rastro de morte e sofrimento entre crianças, professores e familiares. Segundo pesquisas da USP e da Unicamp, o número de ataques a escolas no Brasil aumentou nos últimos dois anos, superando o total registrado nos 20 anos anteriores. Somente em 2023, já foram quatro casos de mais destaque, incluindo o ataque a uma creche em Blumenau (SC), que deixou quatro crianças mortas nesta quarta-feira (5/4) .
Diante desse cenário alarmante, surge a necessidade de buscar formas de prevenir e combater esses crimes, que muitas vezes são planejados e executados por meio de dispositivos digitais, como computadores, celulares e tablets. É nesse contexto que a perícia digital e a computação forense se apresentam como ferramentas importantes para auxiliar nas investigações e na identificação dos agressores.
Neste artigo, vamos explicar o que são a perícia digital e a computação forense, como elas podem ajudar a mitigar os ataques terroristas a escolas de várias formas, dando exemplos práticos e indicando fontes de consulta. Também vamos abordar outra técnica complementar, a OSINT (Open Source Intelligence), que significa Inteligência de Fontes Abertas, e como ela pode auxiliar na obtenção de evidências e na elucidação dos crimes.
Perícia digital e computação forense: conceitos e aplicações
A perícia digital é um procedimento de técnicas de recuperação de dados em meios digitais, com o objetivo de auxiliar na solução de crimes realizados por meio do uso da tecnologia . O perito digital é o profissional responsável por coletar, recuperar, analisar e preservar evidências digitais que possam comprovar a ocorrência de delitos e apontar suspeitos .
A computação forense é um ramo da ciência forense digital que se dedica a investigar e analisar evidências digitais a fim de solucionar crimes . O perito forense é o profissional responsável por investigar a autoria de um crime virtual, por meio do rastreamento e recuperação de informações contidas em dispositivos digitais.
As aplicações da perícia digital no combate ao terrorismo nas escolas
A perícia digital e a computação forense podem ajudar a mitigar os ataques terroristas a escolas de várias formas, como:
Monitorar sites, redes sociais, comunicadores instantâneos e fóruns anônimos que possam conter discursos violentos, preconceituosos ou extremistas que incentivem ou planejem ataques a escolas.
Identificar alterações comportamentais ou indícios de transtornos mentais em alunos ou ex-alunos que possam representar riscos de violência.
- Recuperar dados apagados ou criptografados que possam revelar a motivação, o envolvimento ou a cumplicidade dos agressores.
Preservar as provas digitais para que possam ser usadas em processos judiciais contra os responsáveis pelos ataques.
O exemplo da perícia digital desvendando um ataque
Um exemplo de perícia digital e computação forense aplicada foi o caso do massacre na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP), ocorrido em 2019. Na ocasião, dois ex-alunos invadiram a escola armados com revólveres, facas e machados e mataram cinco estudantes e duas funcionárias. Antes disso, eles também mataram o tio de um dos atiradores em uma loja próxima à escola. Os peritos digitais e forenses conseguiram recuperar dados dos celulares dos atiradores. Por meio desses dados, foi possível descobrir que eles planejaram o ataque por mais de um ano.
OSINT: conceito e aplicações
Além da perícia digital e da computação forense, outra técnica que pode auxiliar na prevenção de ataques terroristas a escolas é a OSINT (Open Source Intelligence), que significa Inteligência de Fontes Abertas. É um conjunto de atividades para coletar, armazenar e analisar as informações de fontes públicas. Basicamente, qualquer dado sobre uma empresa ou pessoa que possa ser encontrado por meio de ferramentas da Internet ou OSINT framework, como os buscadores .
OSINT pode ajudar na prevenção de ataques terroristas a escolas de várias formas, como:
- Identificar potenciais agressores ou grupos extremistas que possam estar planejando ou incentivando ataques a escolas, por meio de suas publicações em sites, redes sociais, fóruns ou chats .
- Obter informações sobre as vítimas, testemunhas ou locais dos ataques, por meio de fotos, vídeos, áudios ou textos que possam estar disponíveis online .
- Verificar a veracidade e a origem das informações divulgadas sobre os ataques, por meio de técnicas de checagem de fatos e análise de metadados .
- Rastrear a localização e o movimento dos agressores ou dos materiais usados nos ataques, por meio de mapas, imagens de satélite ou rastreamento de transportes .
OSINT é uma técnica complementar à perícia digital e à computação forense, que pode auxiliar na obtenção de evidências e na elucidação dos crimes. Porém, é preciso ter cuidado com a legalidade, a ética e a qualidade das informações coletadas por meio de OSINT. Uma vez que, elas podem ser manipuladas, falsificadas ou protegidas por direitos autorais ou privacidade .
Conclusão
A perícia digital e a computação forense são áreas em constante desenvolvimento. Estas demandam profissionais qualificados e atualizados com as novas tecnologias e técnicas de coleta e análise de dados. Para se especializar nessas áreas, é possível cursar uma pós-graduação em perícia digital ou em computação forense. Devem abordar disciplinas como crimes digitais, fundamentos da investigação criminal, segurança em sistemas computacionais e perícia forense computacional .
A perícia digital e a computação forense são ferramentas essenciais para mitigar os ataques terroristas a escolas no Brasil. Por meio delas, é possível identificar e deter os criminosos antes que eles causem mais danos à sociedade. Além disso, é uma forma de garantir justiça às vítimas e seus familiares.
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